“Questão agrícola é uma, e agrária é outra. A produção pode crescer, mesmo sem reforma agrária, pois o capitalista pode arrendar a terra. Mas a democracia perde força ao não reconhecer a importância da reforma agrária para os alijados do campo.”
Essa questão, por mais incrível, pouco ou não abrange o agronegócio, já que um investidor capitalista poderia arrendar a terra, mas sim a posse ilegal de terras ou ociosidade de um terreno destinado à produção. A reforma agrária, por si só, é bloqueada pela falta de estrutura, pela falta de atenção para com as organizações protestantes sociais, e, principalmente, aos restos da nossa recente ditadura militar, que abalou o sistema desenvolvimentista do país, criando o ideal de saudosismo e dominação patriarcal. Um crítico desse atraso agropecuário é o sociologista Edgard Malagodi, que diz: “É lamentável que certo pensamento acadêmico, quiçá exageradamente marcado pelo viés urbano e sulista, insiste em negar a necessidade da reforma agrária neste país. E vai mais longe: insiste em negar a necessidade de fazer avançar a democracia no Brasil pela via dos movimentos sociais.”
Mas, segundo outro estudioso chamado João Pedro Stédile, a principal questão não é fazer a reforma agrária, mas sim achar ou construir um jeito de fazer com que a reforma agrária aconteça sem prejudicar o trabalho e produção agrícolas, necessários em vários pontos para o país, mas sim eliminando os empresários latifundiários que não utilizam suas terras ou que se concentram apenas em minifúndios.
Tanto que a característica principal contra a reforma agrária, ou seja, os latifúndios não utilizados ou mal utilizados, é herança do sistema colonial das chamadas capitanias, famílias de portugueses que, por ordem do rei, se estabeleciam em “lotes” e controlavam-nos, mas não necessariamente produziam neles todos.
Texto adaptado pelo aluno: João Vicente
Fontes: http://blog.controversia.com.br/2007/06/07/as-questoes-agraria-e-agricola-2/
http://terra.cefetgo.br/cienciashumanas/humanidades_foco/anteriores/humanidades_5/textos/aprovados/ent_stedile.pdf